[Para Além da Superfície] #4: Escreva uma carta para si mesma
E experimente se olhar com outros olhos...
Em 15 de maio de 2023 (meu aniversário, para quem não sabe) eu escrevi:
Viver cada vez mais Cada vez mais criativamente Genuinamente Viver de Coração Não de Performance Viver para mim, quando eu quiser, como eu quiser Viver de verdade e com vontade Fazer por mim o que eu gostaria que os outros me fizessem Me escrever cartas de amor Reconhecer minhas belezas, minhas conquistas Reconhecer o quão eu tem dentro de mim Fazer festa para me comemorar Me bastar Me bancar Bancar minhas vontades e desejos e ser a pessoa que vai torná-los realidade Sem ter que se explicar Ser no agora Sem pressa e sem demora Só ser Para que eu possa...
Pegando a inspiração desse texto e aproveitando a energia de início de novos ciclos que o mês de janeiro tem, a minha proposta para você hoje é:
Escreva uma carta para si mesma
Essa daí eu escrevi no segundo dia de aula do terceiro ano do ensino médio, em 2017, e toda vez que eu leio ela, eu me emociono. Eu escrevi literalmente tudo que eu queria ouvir de outra pessoa, mas que, quando eu ouço de mim mesma, se torna 300 vezes mais potente. “Você vai fazer a sua tão sonhada faculdade fora do Brasil, você vai! E eu, a menina do segundo dia de aula do terceirão, vou estar lá com você, morrendo de orgulho de nós”
Eu, em 2023, depois de ter morado na Holanda para fazer um semestre da faculdade, leio isso com a plena certeza que eu realizei os sonhos da Adriely de 2017. E isso é lindo demais. A sensação que eu tenho lendo essa minha própria carta, mais ninguém no mundo pode me dar!! Ela é minha, para mim, por causa de mim.
Por mais que algumas coisas me deem um pouquinho de vergonha alheia, tipo o que eu escrevi em 2015: “Que em 2016 eu aprenda a parar de ser trouxa” (kkkkkkkk puts, alguém avisa?), é muito bom conseguir enxergar o quão de você ainda está por aí. Em 2016 eu escrevi: “meus desejos não se resumem a alguns tópicos, meus desejos vao além de mim, estou sempre com a mente mega aberta para novas coisas/sentimentos/pessoas/ideias. O mundo é grande e sempre estarei “numa busca infinita pelo infinito do ser” - juro que eu poderia ter escrito isso ONTEM (tirando essa última frase aí que achei meio brega).
É muito lindo poder se reencontrar com outras versões de você, ver como você se via no passado e enxergar o quanto tudo mudou e, ao mesmo tempo, o quanto tudo é tão igual!
É engraçado, porque escrevendo você se sente ao mesmo tempo como a você de agora, a sua irmã mais nova e a sua irmã mais velha.
Como se você criança pudesse se olhar agora e sentir orgulho de tudo o que você é. E como se você do futuro olhasse para trás e sentisse muita gratidão por todo caminho que você tem tentado construir com suas próprias mãos, sem ter muitas pistas ou ferramentas para abrir o caminho e chegar onde ela está.
Enquanto isso, a você do presente também se orgulha pelo ato de escrever e também sente gratidão pela sua versão do passado e esperança pela versão do futuro. Quão poderoso isso é?
Li uma vez “Seja o adulto que a sua versão criança precisava. Seja o adulto que a sua versão criança iria amar”. Pooorra, a Adriely de 8 anos com certeza ia me achar O MÁXIMOOO, e é esse exato carinho que você sente ao escrever para si mesma. Eu literalmente chorei escrevendo a minha carta desse ano - e sempre choro lendo o que já escrevi no passado. É como se algumas das minhas versões me dissessem: “Eu amo ver o mundo pelos seus olhos!”
Que frescor é se reencontrar, pelos olhos de quem você era antes e pelos seus olhos atuais - Ver que todas as suas versões coexistem, e poder se conectar com todas elas. Que lindo é viver!!!
Nunca é tarde para escrever a sua primeira carta. Por que você não tenta?
Para te incentivar, vou deixar um pedaçozinho da minha própria carta - já que foi esse post que me incentivou a escrevê-la de verdade…
Oii Dri,
Bom, eu não sei se eu vou postar isso tudo, mas, de qualquer forma, quero escrever essa carta para mim mesma. Já estamos no dia 5 de janeiro de 2024 e, de certa forma, não sei se já fizemos todo aquele momento de reflexão sobre o ano que passou. Um pouco sim, um pouco não. E talvez seja exatamente por isso que eu adiei tanto escrever essa carta, talvez esse seja o momento.
“Se 2023 for metade do que 2022 foi já ta de bom tamanho” eu escrevi em algum lugar no fim de 2022.
Bom… Foi bem mais que a metade!
É difícil comparar anos. É difícil comparar anos ainda mais quando o ano anterior é o ano que você realizou o maior sonho de toda a sua vida até então. Mas, tirando essas palavras "melhor que”, “pior que” e toda a comparação que vem junto, 2023 foi sim um ano surpreendente!
Começamos 2023 pensando em como levaríamos uma “vida de intercâmbio em São Paulo”, contando que os próximos 6 meses iam ser os últimos 6 meses na cidade antes de irmos embora para seilá onde. Era hora de acabar o TCC da FEA, focar nisso, fazer um bom trabalho. E fizemos! Fizemos muito, muito mais do que eu poderia imaginar! Inimaginável que iríamos parar no Texas por causa do TCC, inimaginável! O medo de não chegar às alturas das nossas próprias expectativas era TÃO GRANDE durante o processo e, olha onde chegamos… Beeem além de todas elas!!
No fim, não saímos de SP. Bom, pelo menos não totalmente. Foram muitas viagens e muitas aventuras inesperadas por aí: Bonito, Bariloche, Buenos Aires, Rio de Janeiro, Brasília, Goiânia, Austin, San Antonio, Capitólio, Ouro Preto, Belo Horizonte e por aí vai…
Mas, ainda assim, a gente gostou de voltar! Gostamos de ver a família, brincar com a Aurora e de ter os avós morando aqui perto de casa. Nossa, isso foi muito bom! Poder andar 5 minutinhos e falar com a vó e o vô, comer comida dela no meio da semana, levar eles para tomar café. Essa mudança foi um verdadeiro presente nas nossas vidas! (e não to escrevendo isso só porque minha vó é inscrita da news e vai ler isso daqui, ta?)
Foi um ano de repensar relações. Depois do fascínio do fim de 2022 - de estar de volta para casa, com saudades de tudo e animadíssima com tudo que só o Brasil pode me dar - 2023 foi um ano de voltar pra realidade, mas uma realidade diferente do que de quando tínhamos ido, uma realidade mais autoconsciente, mais introspectiva, mais independente. E voltar foi difícil. Difícil de re-acostumar com a falta de limites de pessoas tão próximas, de dividir o espaço, de lidar com algumas relações problemáticas. Foi o momento de olhar (de novo) pra onde doía, e entender, de verdade, o por que estava doendo. Se em 2022 eu vivi muito, em 2023 eu processei muito. Fiz o download de muitas coisas que ainda não haviam sido processadas. Consolidei a pessoa que eu me tornei depois de viver tantas experiências tão diferentes sozinha. Claro, várias das questões ainda são as mesmas, não se resolve tudo do dia pra noite. Mas hoje, pelo menos, temos um pouquinhozinho mais de clareza do que nos afeta (positiva e negativamente) e porquê.
Acho que a vida é isso, “rasgar-se e remendar-se”, buscar ser sempre uma versão mais consciente e mais autêntica de você mesma.
Espero que você me agradeça no futuro. Na verdade, eu sei que você vai fazer. Se agora, escrevendo, já estou com os olhos marejados imagina quando você, no futuro, estiver lendo isso…
Para acabar, se eu tivesse que destacar os principais pontos altos do nosso ano, seriam:
Nos formamos na FEA USP (<3)
Conseguimos 2 parcerias com o Adriventuress - Uma em Brasília e outra em BH - e viajamos sem pagar Hostel (!!!)
Conseguimos ser pagas para criar conteúdo para um lugar que amamos
Fomos em um festival de música pela primeira vez na vida e mais um monte de shows
(E eu fico muito feliz que, nesse ano, a gente tenha registrado tudo isso em forma de vídeo também! Fica muito mais fácil de voltar para essas memórias!)
A vida é muito boa com a gente, sempre foi! A gente sabe disso, mas as vezes a gente se esquece. Escrevo para que você nunca se esqueça de tudo que viveu. Das partes boas, e das ruins também. Escrever nos cura - Lembre-se disso! Não deixa a preguiça te vencer e escreve a carta pra gente de 2026, ta? Eu vou estar esperando para ler…
Com amor,
da Adriely de 5 de janeiro de 2024
✨Minhas Aleatoriedades da Semana
O que pode ser considerado um resumo para qualquer ano:
Voltando pro fenômeno Barbenheimer: esse vídeo que a Margot Robbie e o Cillian Murphy se entrevistam é SENSACIONAL!! Especialmente se você gosta de backstage e de entender sobre quem é o ator por trás do personagem.
A música que eu redescobri essa semana por causa de um post no instagram e que me deu uma dose extra de serotonina para viver essa semana:
Bom, eu falei que era aleatório kkkkkkkkkkk
🤝 Troca comigo?
Se sim, Como foi a escrita e a leitura?
Se não, me conta se eu te incentivei, pelo menos um pouquinho, a escrever uma em 2024?
Textooo lindo Dri ❤️👏