[Para além da Superfície] #35: Sobre tirar as coisas do papel
Ou colocar... Depende do ponto de vista...
Dar vida a uma ideia é sempre difícil. Sempre é desafiador.
A gente começa a escrever e percebe que o que tava na nossa cabeça não era exatamente assim, não era exatamente com essas palavras. A gente fica tentando traduzir um sentimento a essas coisas materiais e banais que são as palavras…
Às vezes, junto uma na outra, e me assusto com o poder de significado que elas trazem. Me admiro pela beleza inesperada de duas coisas tão simples juntas, que unidas foram capazes de expressar um sentimento aqui dentro que eu nem saberia falar direito qual é.
Mas as palavras souberam, ou pelo menos, tentaram.
Já fizeram melhor do que eu faria sozinha.
Contei para vocês que fiquei travada com o propósito da minha criação de conteúdo na edição # 33 da News. Por conta dessa trava, no fim do ano passado, dia 26 de dezembro, para ser mais específica, eu comecei a escrever as 3 páginas diárias que a Julia Cameron recomenda no livro “O caminho do Artista’ - e a essa altura, eu já posso confessar pra vocês: não tenho feito nada do livro! (mas sigo, religiosamente, com as 3 páginas).
“Nossa, mas como você consegue? São 3 páginas!!” - vieram comentar comigo na DM do instagram. E eu te falo: são 3 páginas de QUALQUER coisa.
Eu escrevo sem pensar, escrevo literalmente o que vier na cabeça - ou na mão - escrevo sem filtro. Para romper com esse primeiro medo, que é ver nossas palavras estampadas, sem ter como voltar atrás. Para ver meu pensamento riscado no mundo físico.
Quando estava em Maragogi, a Laissa me mandou uma aula da Lucia Helena Galvão - eu hesitei um pouco, mas comecei a ver a aula (de 2h). E é uma coisa GENIAL!! Nela, ela fala sobre o livro “A Guerra da Arte” - que eu já tinha visto outras referências minhas comentarem sobre (oi @BeatrizSbeghen)
Um dos primeiros pontos que ela toca nessa aula é que existe uma resistência para tudo. Uma força contrária à qualquer movimento que tentamos fazer (alguém lembra das aulas de física por aí?!?). Mas que, para fazer coisas que a gente sabe que vão nos ajudar a crescer e nos desenvolver, a resistência é ainda maior (pra descer todo santo ajuda, né? Mas pra subir é com a gente mesmo kkkkkkkk)
Toda vez que a gente ta muito emocionalmente envolvido com algo, é mais difícil fazer essa coisa.
Afinal, quão difícil é fazer as coisas que a gente quer muito fazer? Que a gente se cobra não só de fazer, mas de fazer bem?
Se formos medir por *eficiência*, é muito mais fácil fazer aquela tarefa chata do trabalho, aquele trabalho de corno mesmo (com todo respeito kkkk), do que fazer algo que nós gostamos e que para nós é importante.
Porque a primeira, a gente só precisa entregar - como der. Tanto faz se tiver muito bom, ou perfeito, só precisa estar *suficiente*. Enquanto o segundo não, o segundo precisa estar impecável.
E o quanto a gente não se prende nisso?
Quantas coisas a mais a gente não conseguiria fazer se o “bom o suficiente” fosse o padrão?
Eu acredito muito em aprender fazendo. Na verdade, foi assim que eu aprendi a maior parte das coisas na minha vida: editar vídeos, construir histórias, tudo sobre o trabalho que faço com RH - não tive ninguém pra me ensinar, fui fazendo.
Tomar decisões também sempre foi muito difícil pra mim, mas ao viajar (ao viver viajando, na verdade), eu me coloco em uma situação em que eu sou obrigada a tomar muitas decisões por dia. E eu realmente acredito que, ao fazer isso, quando eu voltar para uma vida “normal”, decidir vai ser algo mais fácil para mim. Eu vou ter aprendido!
É a mesma coisa com a escrita: se eu me forçar a escrever 3 páginas todo dia, do que quer que seja, quando eu for sentar pra escrever coisas que eu realmente quero escrever sobre, vai ser mais fácil.
É assim que tem funcionado na prática?
Sim!!
E não!!
Não gosto de tratar a escrita como algo que depende, necessariamente, de inspiração, porque muitas vezes ela não aparece.
Mas quando a minha musa resolve dar o ar da graça, eu escuto. Eu tenho que escutar. Inspiração é magia. E se a magia ta disposta a me ajudar, quem sou eu para falar não?
Em um belo dia, depois de 1 mês escrevendo minhas páginas diárias, me surgiu uma frase no meio de um treino na academia. Eu, boba, deixei passar.
Mais tarde nesse mesmo dia, a frase voltou. Imediatamente abri o bloco de notas do celular e a escrevi, quase que pedindo desculpas por mais cedo.
Depois dessa frase, veio outra e outra. E, de repente, eu tinha o roteiro de 3 vídeos prontos.
Esses roteiros são dos vídeos da série “Lugares para Além da Superfície”, onde eu tenho contado, lá pelo Instagram, como foi essa minha primeira temporada nômade - sobre essas experiências de dentro para fora.
Surgiu uma ideia, uma série, um projeto.
Os outros roteiros vieram pela disciplina. Mas também…. A inspiração já deixou 3 na minha mão, ela não pode fazer todo o trabalho por mim, né?
Ao postar o primeiro vídeo, senti medo. Frio na barriga. Sinto que poderia fazer melhor - a gente sempre sente. Mas se fosse fazer melhor, levaria mais tempo. E quanto mais tempo passa, mais eu me canso da ideia, mesmo sem ela nunca ter ido pro mundo. De repente, o projeto perde o brilho.
As ideias têm o tempo delas, e se a gente cochila perde o ponto - ou melhor, camarão que dorme a onda leva, né? kkkkkkk
Tenho um notion cheio de ideias que já considerei brilhantes, que deixei de postar na hora que vieram e que agora não parecem que se encaixam nas minhas coisas… Uma pena! Tanta coisa legal que deveria ter saído do papel. Quem sabe um dia…
Por enquanto, sigo escrevendo todos os dias porque acredito que, assim, escreverei melhor. Escrevo todos os dias porque é, pelo menos, uma vitória por dia. Sigo escrevendo todos os dias por pura e simples FÉ. Fé de que me ajudará a ter uma mensagem, a saber o que dizer, a trabalhar em mim mesma.
Ser servos do mistério
dar vida ao que não existe
mas que existirá através de nós
(Escrevo todos os dias, mas falho alguns.
O importante é voltar.
É sobre constância, e não perfeição.
E constância é fazer mais vezes do que não fazer…)
✨Minhas Aleatoriedades da Semana
A Aula que eu comentei - e aqui um exemplo do “Eu queria rever a aula antes de publicar esse texto, mas sei que se for fazer isso vou levar muito tempo e quanto mais eu demoro, maior a chance dessa ideia ficar engavetada”
2- O prefácio da série. Se você está lendo isso no dia 25/02, eu já lancei o episódio 1 (sobre Salvador) também :)
3- 2 livros que influenciaram muito a minha visão sobre criatividade: A Grande Magia - Elizabeth Gilbert e O Ato Criativo - Rick Rubin
4- Todo mundo sabia que tinha uma série chamada “Feiticeiros Além de Waverly Place” que é com o Justin adulto ensinando outra feiticeira???? Lançou em 2024 e eu nunca fiquei sabendo kkkkkkkk (Vi tudo em um dia rs)
5-
6- Laissa, sem saber, me mandou ONTEM um vídeo que conversa muito com essa parte final do texto:
🤝 Troca comigo?
Tem algo que você está tentando tirar do papel (ou colocar) e ta difícil? Me conta aqui - vai que eu consigo te ajudar…. <3
Eu tentando tirar minha vida inteira da planilha (larguei papel) em 6 meses! hahahaha Sinta-se abraçada, entendida, lida e, no mais, vai viver Salvador esses dias. Minha cidade é o melhor lugar pra estar, conhecer gente e esquecer do peso de viver.