[Para Além da Superfície] #6: Bloco de Notas - 18 de Janeiro de 2024
Eu tenho escrito pouco.
Tenho escrito pouco, e não sei se esse é o sintoma ou a causa.
Ultimamente as coisas têm estado meio paradas demais, sem graça demais.
Para algumas pessoas, Janeiro é o mês da mudança, da esperança, do início de novos projetos. Para mim, nunca foi.
Acho Janeiro um mês meio estranho. Ao mesmo tempo que repenso tudo o que quero fazer, fico agoniada por não estar fazendo nada de fato, por não estar partindo para a ação de uma vez.
Talvez seja o mês da frustração. O que eu penso muito e fico parada no “não quero viver o mesmo ano duas vezes”, enquanto todo o contexto me faz acreditar que é exatamente isso que vai acontecer.
O que mudou para mim de Dezembro de 2023 para Janeiro de 2024? Nada!
Mas enquanto penso em todas as possibilidades de tudo o que posso fazer no meu ano, o agora ta passando. E não ta passando da forma que eu gostaria que passasse. Não sei vocês, mas o sentimento de “to desperdiçando a minha vida” passa na minha cabeça muitas vezes por semana.
Pra mim é muito mais fácil lidar com o caos, com a correria, com mil coisas acontecendo ao mesmo tempo. Me ocupar demais pra não pensar muito sobre as coisas.
Tenho me organizado pouco. Fico sempre naquela sensação de “tenho muita coisa para fazer”, ao mesmo tempo que penso “até que não é tanto assim”, o “não vou dar conta” com o “dou conta sim, mas amanhã”. Tenho bastante coisa para fazer, mas, de alguma forma, acaba me sobrando muito tempo para pensar.
Ainda assim, isso é a última coisa que eu faço.
Sei o que me incomoda, mas não sei o que exatamente vai curar esse incômodo. Não sei nomear qual é o meu desejo no agora. E tenho estado impaciente demais para esperar por pistas no caminho.
Tenho mil sonhos, mil planos para os próximos meses. Mas o que eu quero fazer esse fim de semana? Não sei te dizer com clareza.
Janeiro é só mais um mês, tento me lembrar.
Enquanto todos colocam mil metas e querem mudar de vida do dia pra noite, você pode fazer diferente. A mudança duradoura é mais bem planejada, melhor equilibrada. As vezes tudo o que a gente tem para fazer no agora é pensar, esperar, refletir…
Não ter medo de olhar de verdade para o que dói. Sustentar a dor.
O incômodo já é um norte. Mas a gente precisa de tempo e energia para conseguir desvendar o resto do mapa…
✨Minhas Aleatoriedades da Semana
Enquanto procuro minhas respostas e lido com alguns incômodos, tento fazer coisas que me lembrem da beleza dos dias normais, da potência do aqui e agora. Esse vlog aqui com algumas dicas de SP surgiu assim, em uma tentativa de diminuir um pouco o volume dos incômodos.
Li o conto "Olhos d’água” da Conceição Evaristo. Ela fala sobre como, em uma noite qualquer, ela acordou angustiada porque não conseguia se lembrar de que cor eram os olhos de sua mãe. Cheguei a me emocionar lendo! Tem uns detalhes que a gente não quer esquecer jamais, né? Me lembrou um vídeo que fiz há algum tempo: “Eu tenho medo de esquecer”.
🤝 Troca comigo?
Como tem sido Janeiro para você? Quais belezas e angustias têm te atravessado durante esse mês?
Escrevi esse sem filtro nenhum, como se fosse para o meu bloco de notas mesmo. Me conta um pouco de você pra eu não abrir meu coração aqui sozinha, vai?
Tenho pensando igualmente Dri.
Janeiro não nego, foi um começo e tanto para mim, coisas novas acontecendo, projetos e amizades também. Porém me lembro bem de Janeiro do ano passado e como foi angustiante a sensação de ser só “mais um ano”, mas afinal é apenas mais um ano. Tentamos nos firmar no fictício daquelas frases clichês de “Ano novo, vida nova “, porém continua sendo nossa vida, mas agora com um outro ano se passando pela frente.
Tenho pensado positivo otimamente (não aquela positividade tóxica), mas positivo de modo que eu entenda que a vida é uma montanha russa, que nunca vou saber quanto tem uma super descida ou uma super subida.
Abraços Dri! Até semana que vem ;)