Eu achei que viajar resolveria todos meus problemas, minhas angústias.
Mas, na verdade, viajar acentuou algumas delas…
Ao viver trabalhando e viajando se adiciona uma camada de complexidade à vida, e é preciso estar disposta (e não pronta) a passar por isso.
A vida nômade é vendida com um brilho irreal nas redes sociais. Como se tudo fosse ser sempre incrível, excitante, diferente, mágico.
Mas viver dessa forma de trás desafios constantes de estar sempre retomando decisões básicas da sua vida: onde dormir, onde comer, o que comer, onde treinar, como descansar.
São questões que ficam o tempo todo à flor da pele, e que, às vezes vão te animar - pela liberdade de escolher - e às vezes vão te cansar muito mais do que o normal - porque escolher também é difícil!
A liberdade de poder tomar qualquer decisão também é limitante. E é o tema desse Ted Talk aqui (que tá há apenas 17 anos no ar kkkkk)
Viver por quase dois meses em uma cidade só - Itacaré - me mostrou que é possível viajar e ter uma rotina, que não é só a rotina da São Paulo corporativa que existe, que é possível criar um novo dia a dia, mais alinhado com quem você é e o que você quer no momento.
Mas mudar de cidade há cada semana, como fiz em dezembro, torna a rotina impossível. É tanta novidade para assimilar, tantas vezes, que seu cérebro da uma bugada, e aí você não consegue pensar direito, trabalhar direito, descansar direito…
Todas as suas impressões sobre a cidade, o dia a dia e a vida naquele lugar passam a ser enviesadas pelo cansaço que você sente - e então, tudo fica meio… chato.
(Contei mais sobre aqui:
Então eu decidi. Eu voltaria pra minha casa.
“Mas o que voltar para casa significa?”
- eu ficava me perguntando.
“Significa que eu fracassei? Que eu não gosto desse estilo de vida? Que eu nunca mais vou viajar?” Às vezes minha mente me dizia que sim, que eu fracassei, que eu não aguento, que eu não sei nada do que eu quero na vida.
Mas, então, lembrei do que a minha psicóloga me disse, logo nas minhas primeiras semanas na vida nômade:
“Se é esse o estilo de vida que você quer ter daqui para frente, porque você acha que vai entender exatamente como isso funciona para você já nos primeiros meses? Como você quer todas as respostas prontas tão rápido assim?”
É preciso descobrir o que funciona para a gente…
Até nos formatos de vida mais “fora da caixa”, ainda existem caixas que querem botar a gente (Spoiler: somos nós mesmos que ficamos tentando nos encaixar).
Eu achava que, se era pra viajar, era pra ser nômade, para viajar nonstop, nunca voltar para casa, sempre seguir, continuar viajando…
Que prêmio é esse de inabalável e imparável que eu tava inconscientemente tentando ganhar aqui???
Meio que ele não existe, né? kkkkkkkk
Como me disseram na dm do insta:
“Ter para onde voltar é um privilégio”
e eu quis me aproveitar dele sim.
Às vezes a gente também precisa disso. Estrutura, pausa, foco também são necessários.
Confesso que ainda não descobri como dar conta de tudo ao mesmo tempo em que viajo.
Fazer isso enquanto eu viajava por 20 dias era mais tranquilo, quando algum prato caía eu logo estaria em casa para parar, respirar e começar a juntar os caquinhos.
Agora, viajando por meses, percebo que ainda tem muito caminho para eu achar o que funciona de verdade….
Vejo que o modelo que talvez funcione para mim seja esse: viajar por alguns meses, voltar, focar, organizar, e, depois, voltar a viajar.
Bagunçar para Organizar.
Organizar para Bagunçar.
Talvez eu não seja exatamente a versão de nômade que a gente vê por aí.
Mas será mesmo que a gente precisa de nome para tudo? Será que a gente precisa mesmo se encaixar em uma nomenclatura?
Eu não quero trabalhar das 9h às 18h, todos os dias em um mesmo escritório. Mas talvez eu também não queira viajar 365 dias do ano.
A grande questão é:
O que faz mais sentido agora?
Sinto mais vontade de ir ou de ficar?
Nos últimos meses, ficar me fez bem.
Percebi que, para mim, não vale viajar só por viajar, seguir só por seguir.
A intenção me importa mais que o destino.
E tinha um lugar, um país, que era um grande sonho.
Que me chamava já há algum tempo.
E, então, em 21 de Janeiro de 2025 eu comprei uma passagem para 14 de maio - mas reembolsável, para me permitir mudar de ideia.
Por mais que meu medo siga gritando aqui dentro - e ele sempre segue, viu? - a minha curiosidade já me da motivos o suficiente para, mais uma vez, ir.
Mas e para você, o que faz sentido agora: Ir ou Ficar?
✨Minhas Aleatoriedades da Semana
O texto de hoje ta completamente ligado com o último episódio da série Lugares Para Além da Superfície que eu fiz lá no instagram:
Está nascendo um canal no Youtube!!! Se você quiser já da para se inscrever por lá :) https://www.youtube.com/@Adriventuress
Assisti “As 4 estações” no Netflix e achei bem legalzinha <3
Eu nos últimos meses antes de vir:
Esse daqui pega:
🤝 Troca comigo?
Como você sabe sente que é hora de ir? e quando é a hora de voltar? Me conta como são esses processos pra você…