Das coisas que se eu não escrever vão acabar me engolindo viva:
É muito difícil estar de volta.
Mesmo que temporariamente. Mesmo sabendo exatamente o dia que eu vou deixar aqui também.
Difícil saber que a vida continua por lá, do exato mesmo jeito que eu deixei.
E que a minha continua por aqui também, mesmo eu sentindo que não.
Mesmo eu sentindo que ta tudo parado, monótono. Ainda está sendo.
E os dias passam e eu me sinto anestesiada, como se nada do que eu tivesse vivendo aqui estivesse acontecendo comigo, de fato. Mas com uma versão diferente de mim.
Minha cabeça ta lá. Meu corpo ta aqui. Nenhuma ta em nenhum lugar exato. Nada ta acontecendo de verdade desse jeito.
Não posso estar aqui e sentir a falta de vocês. Vocês nunca estiveram aqui comigo para a falta ser sentida aqui, sabe?
Mas sinto falta de estar aí.
E essa falta me dói muito.
chega a ser físico.
E eu nunca me senti assim em relação a outro lugar.
à outras pessoas.
A dor do que podia ser. mas que eu sei que nunca seria. nunca seria porque cada um tem o seu caminho, sua trilha. mesmo se eu ficasse, seria temporário.
O que já foi não é mais.
E não seria mais. de nenhum jeito.
Que bom que sinto essa dor. Porque ela significa que foi.
Antes sentir a dor da partida do que a anestesia do nunca sentir.
gosto assim. sentir muito. sentir de verdade.
a beleza de tudo o que foi. e a dor do que nunca mais será.
agridoce.
é o gostoso do sabor e a ardência que fica na boca que chega a queimar.
Quando estava aí, foi alívio. e agora que voltou, o aperto de antes parece que dói mais. que sufoca mais.
Não sei do que estou em busca. Não posso buscar pelo que já foi.
Mas posso querer encontrar algo que aqui eu já sei que não está.
Lidar com a impermanência é difícil.
Fácil dizer que as coisas vão passar quando elas estão ruins. Reconfortante.
Mas saber que elas vão passar quando estão boas. Aí sim. Realmente é entender a impermanência.
do jeito que as coisas são. momentâneas.
(é que pra mim tudo sempre pareceu pra sempre)
escrevo escrevo escrevo e tenho tanto material que nem sei o que fazer com ele
mas escrevo
como quem da um respiro profundo depois de muito tempo embaixo d’água
como quem não sabe mais o que fazer
se escrever não me ajudar a lidar com a dor, com a falta, o vazio, eu não sei o que mais pode me ajudar
Sempre me senti incompleta. mas sei que não é o que já foi que me preencherá. vivo em busco dos poucos momentos em que o buraco não parece tão grande, tão fundo…
Por alguns minutos, tudo pareceu no seu devido lugar. Exatamente onde deveriam estar. Mas foram só alguns segundos. logo eu me mexo meio errado, engulo a saliva num descompasso, e o encaixe deixa de ser perfeito.
Na minha vida até então
foram os desencontros que mexeram comigo
Mas dessa vez não.
dessa vez foram os encontros que me tocaram.
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E eu nunca aprendi a lidar com tamanha beleza
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(escrevo isso com lágrimas nos olhos, como quem descobre uma grande verdade intocada dentro de si. como se algo me tivesse sido revelado nesse exato instante.
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Como escrever é poderoso…)
✨Minhas Aleatoriedades da Semana
Queria dizer para a Adriely que escreveu esse texto que voltar também é processo. Que também faz parte se recolher e entender o que foi. E que também tem coisas lindas nesses meios de caminho.
Nessa volta, por exemplo, rolou uma parceria - e um dia importantíssimo - com uma marca que eu AMO de paixão há muito tempo:
Achei que a mensagem de hoje do Co-star (app de astrologia - eu amooo) combinou com o texto:
Isso foi uma das coisas mais legais que eu vi nessa semana:
A última recomendação da semana é pra você tentar escrever um pouquinho <3 Não precisa ter lógica, não precisa ser público, não precisa nada. Só pega um papel e caneta, ou o seu bloco de notas, e escreve o que passar na sua cabeça. Parece algo bobo, mas às vezes é isso o que mais ajuda a dar luz para o caminho…
🤝 Troca comigo?
Me conta como esse texto ressoou em você? Escrevi ele há um tempo já e toda vez que leio e releio ele bate diferente… Como bateu aí?
foi desconfortável. foi acolhedor. foi um aperto no peito e um suspiro de alívio em seguida, por lembrar mais uma vez que nenhuma experiência é individual. foi lindo.