Já faz uma semana que eu embarquei em direção a Salvador.
(Faz tempo que eu não escrevo. Quase um mês da última edição da news. E, como aqui não temos muito protocolo, vou seguir contando os trechos que fazem mais sentido na minha cabeça. Algumas histórias virão pra cá, outras para o Instagram. A ordem cronológica talvez se perca um pouco entre os dois…)
Mas esse é o começo da história. O dia do embarque.
Gostaria de dizer que foi maravilhoso. Que eu senti o chamado da Bahia no instante em que acordei. Que eu sabia que eu estava fazendo a coisa certa.
Mas não foi nada parecido com isso.
Acordei no dia 14 de maio, véspera do meu aniversário, por volta da 1h da manhã.
Ansiosa.
Meu despertador estava programado para às 5h, meu voo seria só as 9h20, mas o caminho até o aeroporto de Guarulhos é longo.
Acordei bem antes do previsto, mas ainda tinha a esperança de voltar a dormir.
Antes do que eu percebesse, minha mente entrou naquele turbilhão de pensamentos, aquele buraco negro, coisa muito difícil de sair.
“Eu e meus pensamentos Brincando de esconde-esconde Eles tentam me achar Mas eu não sei mais onde eu tô”
Minha mente roda 570 cenários diferentes, todos ao mesmo tempo. Tantos, que é até difícil distinguir o que está acontecendo. Uma única constante: em todos esse cenários, eu me encontro miseravelmente triste.
As pessoas me falam que eu sou corajosa.
Mas não teve um dia em que me senti assim.
Posso viajar o quanto for. Morei do outro lado do oceano, sozinha. Ainda assim, toda vez que eu saio de casa é como se fosse a primeira vez.
O medo nunca me deixa.
Eu sou a pessoa mais medrosa que eu já conheci Sério Não teve um dia dessa vida que eu me senti "destemida" Eu tenho medo de tudo Medo de me perder, medo de nao me encontrar nessa vida Medos existenciais muito grandes E se eu nunca achar o meu lugar? E se eu nunca achar alguém que me entenda? E se eu estiver fazendo tudo isso pra nada? Medo de cair nos buracos que eu mesma me enfio E o medo tão grande de cair nele É o que me faz parar exatamente ali No fundo
Da 1h da amanhã até às 5h eu passei indo e voltando de momentos mais intensos de ansiedade.
Em alguns momentos, tentava me lembrar - e às vezes até conseguia me convencer - que a vida é mais do que se passa na minha cabeça. Mas é difícil se manter nesse estado quando tudo o que você vê são as paredes escuras do seu quarto.
Deu 5 da manhã. Comecei a me aprontar para sair.
Banho, café da manhã. Tudo com lágrimas nos olhos.
Era só eu falar uma palavra para o meu olho despejar tudo o que eu não conseguia dizer.
Imaginei o que sentiria se desistisse de ir para Salvador. Assim, de última hora. Se passasse meu aniversário em São Paulo, com tudo o que eu já conheço. A sensação era pior do que atravessar tudo aquilo e ir me encontrar com o desconhecido.
Uber.
Ressaca de tanto chorar. Sabe? Quando você ainda ta meio boba (e inchada), sem conseguir pensar direito…
Entrei na sala vip. Ainda pensava em desistir. Ainda não estava completamente bem. Mas melhor estar mal enquanto se come um bom brownie, de graça ainda…
Entrei no voo, cadeira do corredor. Olhei pro lado, fileira inteira vazia.
Mudei para a janelinha, ver o mundo de cima é sempre uma boa forma de me lembrar da minha pequenez, de me lembrar que existe mais vida para além da minha.
Uma boa playlist e alguns cochilos depois, acordei melhor. Ainda não 100% animada, mas feliz de ter decidido ir.
Há um tempinho, eu aprendi a diferenciar minha intuição do meu medo. Enquanto uma sussurra, o outro grita. Enquanto uma me da um leve empurrãozinho em certa direção, o outro me paralisa.
No dia 14 de manhã, os gritos eram insuportáveis. Mas no dia 13 de janeiro, quando me inscrevi para a vaga de voluntariado que vim fazer aqui, meu olho brilhava. Daquelas coisas que você quer tanto que tem vontade de chorar (será que outras pessoas também sentem isso?)
Essa chama fulminante se apagou um pouco com esses 5 meses de espera. Me esqueci um pouco do porquê eu querer tanto vir para cá. Mas continuo seguindo o ânimo dessa Adriely do passado como um guia de para onde ir.
Sigo com medo.
Mas não deixo que ele me pare.
✨Minhas Aleatoriedades da Semana
Pousei em Salvador com essa música, precisei viver esse momento para conseguir dar umas risadinhas e me sentir melhor :) Talvez ela te anime também KKKKKKKKKKKKKK
Como eu comentei, vim para Salvador para Voluntariar. Eu arranjo esses rolês através da Worldpackers, uma plataforma que te conecta com anfitriões ao redor do mundo e que você troca alguma habilidade sua por hospedagem (e às vezes até alimentação) gratuita - Nos 3 voluntários que eu já fiz eu atuei ajudando na área de Mídias.
Se você quiser viajar assim também, o meu cupom ADRIVENTURES da 20% de desconto na plataforma. E assinando esse mês você ganha +3 meses grátis na plataforma (15 meses de acesso no total)
🚨 Spoilers
Meu dia 14, em Salvador, acabou assim:
🤝 Troca comigo?
Me conta uma situação em que você superou o seu próprio medo? Quero saber as vezes que vocês foram com medo mesmo, e se se arrependeram ou não…